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A CASA OBLÍQUA - CAP. XXII

No capítulo anterior de nosso folhetim, Clara deduziu através da fotografia de dona Luisa, que a chave estaria na casa da praia, onde segundo ela, passara os dias mais felizes de sua vida. Neste dia em que ela mostrara a fotografia à Clara, lembrara também da mãe, Moema, com uma certa amargura. Assim começa o nosso vigésimo segundo capítulo, com a história de Moema, que voltava do correio. Moema voltava com um embrulho nas mãos, um pacote envolvido em papel pardo, devidamente lacrado. Noutro envelope, uma fotografia do filho. Trazia-a na mão, parecendo carregar um bem precioso, olhando-a detidamente, caminhando tão devagar que Luisa pensou numa tragédia. Vendo-a pela janela do porão, Luisa aventurou-se pela cozinha, seguida de Saymon. Coração bamboleando, tanto quanto as pernas. Um forte sentimento de culpa, uma pergunta intensa que lhe martelava o cérebro. Moema chegou em casa, empurrou o pequeno portão de ferro, com um joelho, como quem ultrapassa apenas um pequeno obstáculo

A CASA OBLÍQUA - CAP. XVII

Quando o interfone tocou, Clara deu um salto. Espiou pela janela e teve a impressão de ver luzes no apartamento de Dona Luisa. Estremeceu, imaginando que Cida havia voltado. Um ódio insano se apoderou dela. Sentia-se invadida em sua privacidade, em seus segredos, em sua vida. A campainha insistia e antes que Nael aparecesse à porta, aborrecendo-a, levantou-se imediatamente da cadeira, guardando as fotos na gaveta, empurrando-as para o seu interior, negligente, investindo contra a porta, como se fosse se defender de um assassino. Em seguida, passou por ele pelo corredor e antecipou-se rápida, para a porta de entrada. Ajeitou os cabelos, puxando-os com energia para trás e abriu a porta. Quando avistou Gustavo do outro lado, tentou fechá-la, indignada, mas ele impediu-a com o pé. — Ué, Clarinha, não quer a minha visita? Clara controlou-se. Perguntou o que queria àquela hora, pois ela não estava esperando visitas. — Pois é, mas eu posso entrar, não? — Você já entrou. O que acont

A CASA OBLÍQUA - CAPÍTULO XIV

Clara acordou e já não se reconhecia como a mulher centrada e responsável que era. Estava arrependida por ter tomado uma atitude impensada, moldada pelo momento, inspirada nas confidências e a confiança que aumentava com a convivência com Nael. No entanto, não devia deixar que as coisas acontecessem daquela maneira. Ela já havia sofrido muito, já se frustrara demais com Bruno. Não podia cair na mesma armadilha da paixão, da ilusão de que estava apaixonada, de que iriam construir um futuro juntos. Não, ela não devia se iludir daquele modo, como uma adolescente, principalmente depois de tudo que havia passado. Além disso, Nael não era um homem que poderia levar consigo ao cinema, fazer compras no shopping, casar, ter filhos. Era um homem marcado, um clandestino, que devia à justiça de seu país e permanecia ilegalmente no Brasil. O tempo se esgotava rapidamente e mais dia, menos dia, estariam à cata dele, como um criminoso e ela estaria seriamente prejudicada. Foi aí, que teve uma idéia,