Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens com o rótulo radioamador

A CASA OBLÍQUA - CAP. XXXIII

Clara examinou os textos, se perguntando porque Dona Luisa nunca se referia ao filho. O que teria havido com a criança? Haveria alguma fato relatado naquelas páginas, que ela ocultou durante tantos anos? Lembrou a chave do cofre. Se ao menos pudesse ir até lá, descobrir o que realmente existe guardado com tanto critério. Entretanto, seria uma temeridade afastar-se do hotel. Precisava acalmar-se e encontrar uma saída. Deveria constituir um advogado para elaborar um hábeas corpus, que possibilitasse a sua liberdade. Por um momento, ela pensou em Nael. Ele estava numa situação mais difícil ainda. Estaria ele pensando nela, com o mesmo carinho que lhe dispensou quando esteve ao seu lado? Não queria voltar a iludir-se como acontecera com Bruno. Não era uma adolescente. Era uma mulher adulta, que sabia o que queria, os seus objetivos na vida. Mas agora, de uma hora para outra, se transformara noutra pessoa: uma mulher frágil, insegura, assustada e ao mesmo tempo, obstinada c

A CASA OBLÍQUA - CAP. XXXI

“Estava muito tensa nos últimos dias da gravidez. Meu pai arranjara um emprego para Júlio, no banco. Não era nada muito importante, mas preenchia as suas horas de solidão. Ele parecia sempre distante de nós, ensimesmado, sempre pensando no que lhe acontecera. Não se habituava à situação, como se a experiência o deixasse diferente do que era, hoje, um homem amargo e triste. Minha mãe às vezes, pensava tratar-se de Saymon ou outro clandestino que eu acolhera em casa. Deixara praticamente a lida da casa ao meu encargo. Tínhamos uma empregada, que nos ajudava, cuja presença me tirava um pouco da solidão. Infelizmente, naquele dia, não havia ninguém em casa, a não ser minha mãe e eu. Não tive a quem recorrer, a não ser a ela, que demonstrava um interesse inusitado por minha situação, o que produzia em mim um certo temor. Nunca esquecera a sua atitude, quando denunciara Saymon.” Moema ouviu os gemidos de Luisa. Sabia que as dores do parto não tardariam. Também as dores da alma era