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A CASA OBLÍQUA - CAP. XXIV

Clara atravessou a portaria do hotel, largando displicente a chave do carro sobre o balcão. O atendente assistia absorto um jogo na televisão. Quando a viu, surpreso, mostrou-se interessado em atendê-la. Clara percebeu-lhe as mãos magras, ossudas, com pêlos esparsos nos dedos. Num deles, um anel com uma grande pedra vermelha. — Um quarto? Sim, temos, sim. Quantos dias pretende ficar? Ela o encarou, achando esquisita a pergunta. Quem ficaria mais de uma noite naquela espelunca. Clara ficou algum tempo observando a ficha que o atendente lhe dera para preencher, como se precisasse tomar uma decisão definitiva. Ao invés de seu nome, escreveu em letra de forma: Luisa Paranhos Slavícek. O homem leu a ficha devagar. Em seguida, perguntou, curioso: — É de origem alemã? Clara sorriu. — Não. Meu marido é tcheco. Ele calou-se e entregou-lhe a chave. Perguntou pela mala. — Eu trouxe apenas uma valise. Amanhã, tomarei a balsa para a ilha. Ele observou-a na escada, após informar-lhe onde