Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens com o rótulo bandeiras.

Contar estrelas

Dou alguns passos em direção à porta da rua. Lá fora, é tão íntimo quanto aqui dentro. O quintal sombrio, as estrelas pontilhando o negrume do céu sem lua. Pode haver estrelas, quando a lua se esconde? Percorro as vielas estreitas, esgueirando-me entre os canteiros mal desenhados, com a cabeça para o alto. Sinto uma dor no pescoço, mas insisto na manobra radical para minha idade. É bom ficar assim, feito criança, olhando o céu, apenas o vazio infinito, perdido num mundo que não é mais meu. Ou de ninguém. Mas quero viver este momento evasivo, no qual a solidão se esvai como balão estourado. Fugidio, brigando com arvores, destelhando nuvens. Acendo velas para os mortos ou para os vivos. Não sei. Agora que a energia faltou, bom viver na escuridão quase total da noite. Não fossem as estrelas...Quisera não sair nunca mais do meu quintal, nem sentir o cheiro agro-doce das velas. Parecem incenso vagabundo da dona da Confeitaria. Que tem a ver incenso com confeitaria, com pães e doces