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Mostrando postagens com o rótulo angústia

Mudez

Fico calado. Não tenho o que dizer. O silêncio, às vezes, é uma benção. Pelo menos para os que dividem, não argumentam, nem ouvem. Mas ficar calado, não impede a ansiedade e a frustração. Estas aumentam, devoram-nos e num círculo vicioso, nos fazem calar ainda mais, embora nosso coração grite de angústia e dor. Há tanto o que dizer! Mas quem há de ouvir? Quem se interessa? Há tanto a pedir, há tanto a lutar! Mas a luta parece inglória. Perdemos sempre. As ondas virulentas se sucedem, tão fortes e resistentes quanto o ódio. Nada importa. Não importa que nossos irmãos morram, agoniados, sem ar, sem força, como animais desamparados ao relento. Não importa, que muitos passem fome, e se espalhem pelas favelas como moscas contagiosas, onde não lhes é permitido qualquer brecha de vida ou esperança. Não importa a morte porque ninguém é culpado, ou melhor, todos são, com exceção do governo. Este que lidera com intolerância e ódio genocida a uma legião de “homens de bem”, parece estar muito

Momentos e encontros

Há momentos em que a multidão restringe os movimentos, os passos, os suspiros e outros em que a solidão prevalece em espaços vazios, produzindo estranhamentos em nossos mundos. Há momentos de abastança, festas eloquentes e climas de euforia. Outros de espanto, pobreza e medo. Há momentos de certeza, outros desconfiança. Há momentos de temperança e tolerância. Outros em guerra lutando por paz. Há momentos de entusiasmo, criatividade e procuras, outros de trabalho e suor. Há momentos de prazer, de excessos e devaneios, outros de reflexões e dúvidas. Há momentos que se cruzam, que se interpõem e se unem, ou morrem ou se recriam. Por isso pergunta-se: por que lá fora o frio, a dor, o medo, a angústia, o sofrimento? Quem sabe aqui, também, hospitais a céu aberto, onde as feridas não curam e os algozes as aceleram. A vida, às vezes, ecoa sonora e musical, lá fora. E aqui, retumba surdo o som que some e não se assume. Quem sou eu nestes encontros? Quem som

PÁSSARO INCAUTO NA JANELA - CAPÍTULO XXI - PENÚLTIMO

A SEGUIR (17/03/2016) O 21º CAPÍTULO DO NOSSO FOLHETIM RASGADO "PÁSSARO INCAUTO NA JANELA". ESTE É O PENÚLTIMO CAPÍTULO. NA PRÓXIMA TERÇA-FEIRA, DIA 22/03/2016, APRESENTAREMOS O ÚLTIMO CAPÍTULO DE NOSSA HISTÓRIA. Capítulo 21 Fonte da ilustração: Blog "Vientos del Brasil"http://blogs.elpais.com/vientos-de-brasil/2013/10/ de Juan Arias Não se pode afirmar que tudo transcorre na rotina, que um dia sobrepõe ao outro naturalmente, sem que nada de novo aconteça. Sempre que olho na janela, ainda vejo resquícios do dia anterior, ou das noites que passaram insólitas sem me trazer nada de bom, as não ser as dores habituais nas costas, na alma, no coração. Talvez Susana seja condenada, não por ter realizado a eutanásia, mas por homicídio, tudo porque uma testemunha a viu abreviar a vida do pai. Estes casos não chegam à justiça, porque o médico age a pedido do doente ou dos seus parentes, se incapacitado para tomar alguma decisão sobre a sua vida. Talvez este se

PÁSSARO INCAUTO NA JANELA - CAPÍTULO XIV

HOJE, TERÇA-FEIRA 22/02/2016, SEGUE O NOSSO FOLHETIM RASGADO "PÁSSARO INCAUTO NA JANELA" COM O 14º CAPÍTULO. NOVAS REVELAÇÕES! Capítulo 14 Tenho vontade de dizer para o velho que não estou sozinha, tal como ele, que desapareceu há dias de sua janela, do seu quarto. Será que morreu? Espero que não. É mais um pra minha coleção. Cada dia, um se vai. Quando será a minha vez? Espero que demore bastante, sinto que ainda posso fazer alguma coisa, sinto que posso ajudar Susana. Essa expectativa me dá uma euforia, uma vontade de realizar coisas, um bafejo de vida. Tenho até desejo de tocar piano, como antigamente. Mas já faz tanto tempo, que nem sei se não desaprendi. _Que terá acontecido com Susana? Por que me chamou daquela maneira? Parecia tão desorientada, a coitadinha. _De quem tá falando, vovó? _Ah, não importa. Estou falando sozinha. Que mania vocês tem de chamar de vovó. Eu tenho nome. _Desculpe, não quis ofender. É que conheço a senhora há tanto t