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Mostrando postagens de maio 22, 2017

Garrafas ao mar

Uma garrafa pode conter muitas coisas, além do líquido, do rótulo, da tampa, pode conter por exemplo, um segredo. Quem não tem vontade de mandar para outro continente, quem sabe, uma garrafa contendo algo estranho, como um bilhete. E se a garrafa atirada ao mar, trouxesse boas vindas de um tempo muito antigo, tantos anos atrás, que já nem reconhecêssemos o objetivo, o texto carcomido, com um letreiro cheios de esses e efes, quando se pediria apenas vogais. Palavras esquisitas, desejos tão inocentes que não mais teriam significado nos dias de hoje. Porém é uma garrafa que vem com um bilhete dentro e nos traz alvissareiras mensagens. É o que pensamos. É o que desejamos. Mas e se essas mensagens não passem de apenas um desejo individual? Como por exemplo, que o mundo saiba que em 1920 alguém comprou o seu primeiro automóvel e percorreu 35 km, a maior distância já percorrida por um carro numa estrada de carruagens? Talvez não significasse nada. Talvez apenas um regalo p

A CASA OBLÍQUA - CAP. XXXI

“Estava muito tensa nos últimos dias da gravidez. Meu pai arranjara um emprego para Júlio, no banco. Não era nada muito importante, mas preenchia as suas horas de solidão. Ele parecia sempre distante de nós, ensimesmado, sempre pensando no que lhe acontecera. Não se habituava à situação, como se a experiência o deixasse diferente do que era, hoje, um homem amargo e triste. Minha mãe às vezes, pensava tratar-se de Saymon ou outro clandestino que eu acolhera em casa. Deixara praticamente a lida da casa ao meu encargo. Tínhamos uma empregada, que nos ajudava, cuja presença me tirava um pouco da solidão. Infelizmente, naquele dia, não havia ninguém em casa, a não ser minha mãe e eu. Não tive a quem recorrer, a não ser a ela, que demonstrava um interesse inusitado por minha situação, o que produzia em mim um certo temor. Nunca esquecera a sua atitude, quando denunciara Saymon.” Moema ouviu os gemidos de Luisa. Sabia que as dores do parto não tardariam. Também as dores da alma era

A vida é bela

A vida e bela Um dia desses, eu pensei que participava de um reality show como a Fazenda ou o abominável BBB. À cada semana, uma eliminação do face. Vai ver, que faz parte de um jogo, algum aplicativo do face do qual desconheço. Não era nada disso. Era bem mais raso e simples. Mas não fiquei incomodado. Os motivos das eliminações nada tinham a ver com pendengas afetivas, aparentemente. Aos poucos, fui descobrindo e dando chance à liberdade. Afinal, todos temos que ser livres para escolhermos quem queremos ser nossos amigos. Isso é muito bom. Os motivos, enfim, variavam de tendências políticas discordantes e até posicionamentos sociais considerados um pouco avançados para as perspectivas. Libertários pra mim. Nada de vanguarda, nada de grandes avanços das concepções humanísticas ou de cunho restrito aos costumes, apenas o arroz com feijão do viva e deixe viver. Algumas lutas contra preconceitos, alguns desejos de igualdade, pelo menos, a possibilidade de alguma aproximação pela