Um dia desses, eu pensei que participava de um reality show como a Fazenda ou o abominável BBB. À cada semana, uma eliminação do face. Vai ver, que faz parte de um jogo, algum aplicativo do face do qual desconheço. Não era nada disso. Era bem mais raso e simples. Mas não fiquei incomodado.
Os motivos das eliminações nada tinham a ver com pendengas afetivas, aparentemente. Aos poucos, fui descobrindo e dando chance à liberdade.
Afinal, todos temos que ser livres para escolhermos quem queremos ser nossos amigos. Isso é muito bom. Os motivos, enfim, variavam de tendências políticas discordantes e até posicionamentos sociais considerados um pouco avançados para as perspectivas. Libertários pra mim. Nada de vanguarda, nada de grandes avanços das concepções humanísticas ou de cunho restrito aos costumes, apenas o arroz com feijão do viva e deixe viver. Algumas lutas contra preconceitos, alguns desejos de igualdade, pelo menos, a possibilidade de alguma aproximação pelas classes sociais, a conciliação entre os distanciados na realidade urbana, um encontro com os ideiais cristãos, só isso.
Mas mexe um pouco com a acomodação provinciana e conservadora de alguns. Mexe com a intolerância, com a consciência social, com os radicalismos, com a posição de senhor e senzala em que vivemos. Pessoas que amam Miami como uma saída para a civilização e que nem sabem que os americanos consideram os brasileiros, mesmo loiros de olhos azuis, apenas latinos que eles acham que são afrodescentes. Nada que nos denigra, ao contrário, mas para estes que pensam que são a pura raça ariana, deve ser uma frustração enorme, ao menos que nem se deem conta disso.
Por isso, às vezes, dava as minhas opiniões, até para chegar a um denominador comum, observando como as coisas acontecem no nosso mundo de caos de preconceitos. Um caldo de ideias conservadoras e retrógradas. Mas o mundo é assim, não vou mudar, claro, nem sou o dono da verdade.
Entretanto, me informo por várias fontes e tento ser o mais severo possível nos meus próprios conceitos. Então, não fiquei triste, quando pensei participar da Fazenda. Vai ver que ainda tenho a chance de viver o reality show da vida com mais verdade, mesmo falando menos, mesmo discutindo menos e se possível, ouvindo mais. A vida é bela.
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