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A fotografia da vida de Santa -CAP. 26

Capítulo 27

Linda levantara mais cedo do que de costume. Após chamar um táxi, afastara-se da casa imediatamente, sendo observada por Santa, que se perguntara onde ela iria. O motivo que relatara é que retiraria uns documentos no correio, mas Santa não acreditara na desculpa. Em todo caso, agora nada importava em relação à Linda, a não ser esperar o momento certo para desmascará-la e a afastá-la para sempre de sua casa.

Neste momento, suas preocupações principais referiam-se à situação difícil em que o filho se encontrava. O caso ficava cada vez mais difícil de ser esclarecido, tornanando-o responsável pelo assassinato de Fernando.

Além disso, Alfredo estava ainda mais implicado com a acusação de sequestro revelada na gravação do celular da vítima, no qual o próprio Fernando dizia não querer tomar parte e por isso, se garantia de uma presumível acusação.

Santa observava pela janela Linda afastar-se rapidamente e ficar na porta da casa, quase na esquina à espera do veículo. Em seguida, não a viu mais e voltou para os seus pensamentos que a deixavam mais aflita. Como estaria Alfredo, numa situação deplorável de preso comum, um homem educado, que nunca tivera contato com marginais e que de uma hora para outra, convivia nos mesmos espaços.

Enquanto isso, Linda não demorara muito no seu trajeto, descera rapidamente e se aproximara de uma casa modesta.

Ao chegar na porta, ligou para alguém tentando confirmar o encontro.

A mulher que abriu a porta, parecia um pouco surpresa com a sua presença, embora soubesse que a encontraria lá. Pediu que entrasse e esperasse uma xícara de chá, que prepararia em seguida.

Linda olhou a amiga sem mostrar nenhum interesse. Disse que apenas esperaria a pessoa que chegaria, conforme o combinado.

Lúcia sentou-se ao seu lado e insistiu que tomasse o chá, pois era bom para quem estava nervosa como ela, segundo supunha.

– Você tem razão, Lúcia, mas pretendo acabar com esta história de uma vez por todas. Não tenho vontade nenhuma de tomar chá.

– É uma pena tudo que aconteceu, Linda. Eu sinto muito, de coração. Sei o quanto você está sofrendo e como amava aquele sobrinho.

– Pois é, Lúcia. Eu não podia passar por isso. Tudo poderia ser diferente, se você não tivesse entregado a mensagem com aquela gravação para dona Santa. Depois que ela soube de tudo, as coisas começaram a mudar muito naquela casa, ela fez tudo para me prejudicar.

–Pensei que você se referia ao seu sobrinho. Foi uma morte cruel.

–Sim, também e sabe Deus como morreu, como mataram ele! Tudo resultou naquela morte terrível. Mas eu estou falando noutras coisas.

– Me desculpe, Linda. Você sabe que eu não entendo bem dessas tecnologias, eu estava atrapalhada na igreja, o celular dava um sinal a cada um minuto. Foi então, que dona Santa pediu para ver o que estava acontecendo e tentou ajudar-me.

–Ajudou tanto que pegou pra ela a gravação. Mas deixa pra lá, agora isso também já é passado. Eu preciso descobrir uma coisa e isso é mais importante do que tudo, neste momento!

– Desculpe lhe perguntar Linda, você sabe que não gosto de me intrometer na vida dos outros, mas você é minha amiga e me sinto na obrigação de lhe perguntar. Você se refere ao Bispo Martim?

– Sim, você tem razão, quero ter uma conversa muito séria com ele, mas parece que está receoso em vir. Estou aqui há quase uma hora e nada dele aparecer.

– Ele não é um homem de faltar a seus compromissos, a menos que tivesse algum compromisso urgente, de última hora.

Linda fica em silêncio um pouco, pensativa. Depois, se volta para Lúcia e pede que ao chegar o bispo, ela se afaste e os deixe sozinhos, pois se trata de um assunto confidencial.

– Não se preocupe, Linda, fique à vontade. Você sabe que sou sua amiga.Eu não vou ficar atrás da porta ouvindo a conversa.

Neste momento, elas ouvem o barulho de um carro se aproximando. Lúcia corre à janela e percebe que é o bispo Martim que está chegando. Linda pede que Lúcia se retire para o interior da casa e a deixe sozinha. Depois, decide dar-lhe algum dinheiro para que saia de casa e compre algumas coisas. Pretende ter uma conversa sozinha com o Bispo.

–Mas não é preciso tudo isso, Linda.

–É sim, você estando na casa, ele ficará temeroso em se abrir, não vai querer falar nada. Por favor, Lúcia, voce já me decepcionou uma vez, não o faça de novo. Vá ao shopping, fique um tempo lá, pelo menos uma hora. Olhe aqui tem também dinheiro para o táxi. Você faz isso por mim?

– Está bem, Linda, se você acha melhor desse modo, eu vou. Pode ficar tranquila.

– Agora, abra a porta e aproveite para sair. O homem já tocou duas vezes, daqui a pouco, desiste.

Linda pega um casaco rapidamente e abre a porta, cumprimentando efusivamente o bispo Martim que se surpreende com a sua saída. Ela afasta-se e Linda aparece, pedindo que entre.

O homem a cumprimenta e senta-se no sofá na ponta oposta à que Linda estava sentada. Linda então, levanta e aproxima-se dele sentando-se numa poltrona mais próxima. O bispo fica pouco à vontade e pergunta, intrigado:

– Linda, o que aconteceu? Foi a sua patroa que a mandou até aqui? Não entendi porque não foi até a igreja.

– A igreja não é um lugar adequado para a nossa conversa, bispo.

O bispo retira um lenço do bolso e o passa pela testa secando o suor que a invade, desde às grandes entradas até alguns fios que estão molhados. Olha-a com desconfiança.

– Você não me respondeu, foi Santa que a mandou aqui?

– Não bispo Martim, eu é que queria ter um assunto muito sério com o senhor. Dona Santa não tem nada a ver com isso!

– E por que na casa de sua amiga? Por que não na sua casa, onde mora na mansão com a Santa?

– Eu não moro na mansão, o senhor sabe. Fico numa pequena casa aos fundos. Lembra-se que meu marido era o caseiro, principalmente quando todos viajavam?

– Sim, é claro que sei, foi o que eu quis dizer.

– Pois bem, lá eu não teria liberdade de conversar com o senhor, sem que todos soubessem que estava lá.

– Está bem, Linda, o que é que você quer de mim?

– A verdade, bispo Martim. A verdade.

Ele novamente passa o lenço pela testa, agora trazendo-o até a boca, que parece ressequida. Pede um copo de água e levanta-se apreensivo.

–Sente-se, bispo, sente. Eu já lhe sirvo.

– Obrigado, Linda. Eu só levantei para tomar um pouco de ar, vou abrir a janela um pouco, se não se importa, está meio abafado.

– Está bem, espere aí que já volto.

Linda corre até a cozinha e volta com a água. O bispo torna a sentar-se e enquanto absorve o líquido, a observa com curiosidade. Linda percebe e parece sentir-se mais segura em seus objetivos. Senta-se a sua frente novamente e começa a falar.

– Eu falei sobre a verdade que eu queria saber. Refere-se ao meu sobrinho Fernando.

O bispo Martim estremece o lado esquerdo da boca. Em seguida, faz um gesto sombrio, como se devesse mostrar um sentimento triste. Junta as mãos, tocando-as na boca e abaixando os olhos. Depois, complementa:

– Você deve estar muito triste Linda, eu entendo o seu sofrimento.

– Não tanto quanto devia. Estou triste sim, mas Fernando sempre foi um incômodo para mim. Eu o ajudava, mas ele não correspondia. Estava sempre aprontando das suas. Ele queria vencer na vida a qualquer preço e embora se fingisse de humilde e trabalhasse como jardineiro, ele tinha planos bem pretensiosos.

O bispo insiste no melodrama:

– Ele me parecia muito apegado a você. Sempre demonstrava um carinho por sua pessoa, inclusive eu percebia que a tratava muito bem.

– O senhor não precisa tentar me agradar. Eu sei que ele não gostava de mim, ele me suportava, porque precisava do emprego, para poder ficar em liberdade. E ele não gostava das condições que eu impunha.

O bispo Martim mostra-se surpreso.

– Mas então?

– Então bispo Martim, que não quero falar sobre mim, nem sobre a maneira como ele me tratava. Quero falar na relação que o senhor tinha com ele.

O bispo empalidece. O lábio volta a tremer e parece sentir-se perdido, sem saber o que dizer. Linda percebe o seu estado perturbado e prossegue, enfática:

– Não cabe a mim julgar ninguém, nem me interessa a vida dos outros, mas sei perfeitamente que existia uma relação muito estreita entre vocês dois.

O bispo abre o colarinho, tentando sentir-se melhor. Cada vez mais pálido e com a voz trêmula, se atreve a retrucar:

– Não diga bobagens, Linda. Você está falando coisas que desconhece.

– O senhor tem razão, bispo, sei muito pouco sim, por isso quero que me diga a verdade. Estou esperando.

Desta vez, ele parece recobrar a confiança, embora se levante com dificuldade. Depois disso, afasta-se em direção à porta. Volta-se e encara Linda com desprezo.

– Sabe de uma coisa, Linda? eu não tenho nada a fazer aqui. Não sei a que você se refere e não estou interessado. Por favor, se me dá licença…

Linda porém o intercepta antes que chegue à porta, retirando uma arma da bolsa e apontando-a em sua direção. Ele se assusta, arregalando os olhos, surpreso. Pergunta, ainda tentando tomar o controle da situação.

– O que está acontecendo Linda, você está louca? Você me respeite e sente-se onde estava. Você, uma mulher temente a Deus, fazendo um papel destes! Largue esta arma, Linda!

– Acha que estou louca bispo? Pois então, o senhor que deve ser um homem temente a Deus, deve obedecer-me e contar tudo o que sabe ou lhe meto uma bala na cabeça. É isso que quer?

Ele da alguns passos incertos aproximando-se do sofá onde estava. Pede que ela se acalme e reflita bem no que está fazendo. Aos poucos, senta-se, sempre com os olhos fixos em Linda. Sua expressão revela intenso pavor. Linda ao contrário, está segura i e determinada a conseguir a confissão que deseja.

– Vamos, que está esperando? Eu não tenho todo o tempo do mundo.

– Mas o que você quer saber, Linda? Pelo amor de Deus!

– Não fale em Deus, seu canalha! Eu nunca vi alguém testemunhar ao contrário a doutrina da igreja com tanta eficiência como você! Eu quero saber se Fernando pagava você para terem relações sexuais, se fazia chantagem com você, quero saber tudo!

– Mas para que, Linda? O que você vai conseguir com isso? O que vai conseguir com estes insultos a minha pessoa? Eu sou um religioso, Linda, veja bem a que você está me expondo.

– Por enquanto, eu não lhe expus a nada. estamos só nós dois nesta casa e a única coisa que quero é a verdade. Agora, desembucha que estou perdendo a paciência!

O bispo quase se descontrola, soluçando por alguns minutos, mas logo se recompõe, assoando o nariz e limpando diversas vezes o suor da testa, que se torna mais intenso. Com os olhos vermelhos, tenta se defender:

– Você sabe, como todo ser humano, eu tenho falhas. Sou fraco, muito fraco, e olhe que lutei toda a minha vida, mas há um momento, em que cedemos, em que não temos forças suficientes para vencermos a tentação.

–Não enrola, bispo. Vá em frente, sem muita lamúria.

–Bem Linda, eu sempre tive atração por rapazes.

– Parece que você tem atração por tudo, pegou até a velha mãe de Sandoval! Talvez tenha tesão até por árvores!

– Por favor, não me humilhe, Linda. Eu estou desconhecendo você, tão ponderada, tão afeita à moral, à educação, à religião. Por que me trata assim? Eu estou desesperado, falar isso para você é muito difícil para mim.

– Eu também o desconheci muitas vezes, mas isso não vem ao caso. Quero ouvir de você tudo! é só o que me interessa!

– Pois bem, quando eu visitava a dona Santa, eu costumava conversar com o rapaz. Ele sempre fora muito gentil, até parecia ter uma empatia comigo.

Linda sorri irônica, mas fica em silêncio, esperando o desfecho.

– Certa noite, ele me pediu carona, parece que pretendia fazer algumas compras, se não me engano, precisava de algumas roupas. – ele faz uma pausa e olha para Linda submisso – Linda, você não se importaria de apontar a arma para outro lado, sei lá, de repente, você se engana e atira. Eu fico nervoso com esta situação.

– Está bem, mas não faça nenhuma besteira, não tente se levantar deste sofá, que eu atiro. Agora, prossiga.

– Bem, como eu estava dizendo, as caronas se sucederam. Sempre que o via, até mesmo na rua, ele me pedia que o levasse em algum lugar. E sabe, ele me olhava de uma maneira que não deixava dúvidas. Ele me seduzia com o olhar, Linda, então, eu não tive alternativa, eu acabei caindo na dele, entende?

– E depois, o que aconteceu?

– ele começou a pedir-me presentes, roupas, sapatos, até dinheiro.

– E onde se encontravam?

– Linda, é claro que nos motéis. Eu pagava a ele, Fernando era um garoto de programa, pelo menos para mim, embora eu sentisse muito mais do que uma simples atração sexual. Eu tinha um carinho especial por ele.

– Um garoto muito caro, não?

– Sim. Ele era esperto, começou a exigir bem mais do que eu podia dar, eu precisava arranjar dinheiro todas as vezes que nos encontrávamos, além das coisas que comprava.

– Muito mais do que bens materiais, ele era caro em relação ao que ele sabia. Você poderia perder o seu cargo, ser execrado da comunidade, talvez até expulso da igreja ou no mínimo, mandado embora.

– Sim, é verdade.

– E o que aconteceu depois?

– Depois não aconteceu nada. O pobre rapaz foi assassinado. Eu não sei de nada, não sei o que aconteceu.

–Mas ele lhe fazia chantagens.

– Não, ele apenas brincava, que um dia contaria tudo, que falaria na igreja, no bispabo, mas nunca dei importância. Sabia que era apenas uma maneira de me prender a sua sedução, sabe? Na verdade, ele nunca fez chantagens.

– E esta carta aqui que eu tenho a cópia, que ele mandaria para o bispado, contando tudo, toda a sacanagem que vocês faziam? Isso não é chantagem?

O bispo fica desolado. Abaixa a cabeça, quase levando-a ao colo, segurando-a com as mãos. Ainda, sem olhar para Linda, pergunta:

– E como você tem esta cópia?

– Porque eu sabia tudo que acontecia com ele. Não se esqueça que ele morava comigo, me devia favores. Fernando era um cara que devia à justiça e eu o ajudava, tanto que ele nunca teve problemas, mesmo estando no regime de condicional.

– Mas eu jamais tive contato com esta carta. Soube qualquer coisa, mas não dei importância, ele nunca me faria mal.

– Não se faça de idiota, bispo Martim. Você sabia e muito mais, porque ele lhe fazia chantagens, a ponto de lhe pedir muito dinheiro. E outra coisa de muito valor que não era sua: a bússola de ouro. Ele queria a bússola que estava na igreja, que pertecera à família de dona Santa.

– Por favor, Linda, pare com isso, por favor, você está me deixando doente, estou passando mal. Olhe, como estou suando.

– Não é pra menos, mas se quer acabar com isso, fale tudo. Diga o que aconteceu com Fernando.

– Eu já lhe disse tudo, eu caí na tentação, fui um louco, um idiota, eu nunca deveria ter feito aquilo! Estou muito arrependido, se eu soubesse meu Deus, o que ele faria, jamais teria me aproximado daquele rapaz!

– Fora toda a sacanagem que fizeram juntos, isso não me interessa. Quero saber sobre as ameaças. Quero saber se você se vingou de Fernando, pela sua boca, agora, neste momento ou lhe mando para o inferno! – nete momento, ela volta a apontar a arma para o bispo – Estou aqui pra tudo bispo, quero a verdade ou lhe dou um disparo bem no peito! É isso que você quer?

– Voce pretende me matar de qualquer jeito, eu já entendi tudo.

– O senhor é inteligente, bispo. Mas se não há alternativa, então fale tudo. Fernando o ameaçava, o que mais ele fazia para apavorá-lo?

– Está bem, está bem, eu falo então. Ele escrevera a carta, mas havia um video, um video íntimo nosso, que ele dizia que publicaria na internet.

– Que nojo! Você me dá asco, bispo!

– Você não pode me julgar, Linda. Ninguém pode me julgar, só Deus! Além disso, você não é a santinha que parece, você tem um filho com o Sr. Sandoval. Pensa que é melhor do que eu?

– Mas eu não matei ninguém!

– O que você quer dizer?

– Que você veio aqui, na noite do crime, que você o matou antes de Alfredo chegar! Você é o assassino! Foi você seu miserável! Confesse, desgraçado, confesse que matou o meu sobrinho!

– Já que você quer saber, Linda, eu matei sim! Matei aquele desgraçado que queria a minha ruína, que queria acabar com a minha vida! Eu o matei porque era ele ou eu, pois saiba, eu tinha a chave da casa, eu transava com o seu sobrinho na casa que era de sua irmã, e foi ali, que marquei mais uma vez um encontro, só que para matá-lo! Agora me mate, acabe comigo e me mande para o inferno, como você disse! Vamos, acabe com isso!

– Não, você está enganado, eu não vou matá-lo, você vai para um lugar muito pior, pois a polícia vai prendê-lo agora, porque eu combinei com eles que estão na escuta e com um toque no celular já estão aqui para pegá-lo.

Neste momento, a porta se abre e três policiais surgem, enfrentando o bispo Martim, acusando-o de homicídio premeditado e algemando-o.

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