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Mostrando postagens de julho 26, 2015

O invisível e suas previsões

Chamavam-no Capitão. Era alto e magro, usava calças abanando ao vento, revelando os ossos que lhe sustentavam o corpo, mãos grandes, calejadas. Tinha um olhar estranho, enviesado e costumava ficar muito tempo no banco da praça. Alguém perguntou-lhe qual era a atividade que tomava conta. Sorria, os dentes amarelados mastigavam a saliva, engolia em seco e geralmente respondia com outra pergunta. Por que não me deixam em paz? Falava vários idiomas,  segundo alguns.  As pessoas que passavam por ele, pouco percebiam seu jeito displicente, sentado no banco, fazendo companhia às pombas que pululavam, se reproduzindo em quantidade extrema. Um dia, reparei que estava do outro lado da rua, distante alguns metros do largo onde costumava ficar. Vi que se aproximava de uma banca de revistas e examinava detidamente as capas, como se pesquisasse algum assunto interessante. Ficou ali, parado, algum tempo. Logo aborreceu-se, porque afastou-se um pouco, olhando para o chão, mão esquerda dobra