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Mostrando postagens de janeiro 25, 2014

DOCE OBEDIÊNCIA

Costumava agir assim, seguir o conselho dos mestres. Jamais se furtava a obedecer, fosse qual fosse a ordem, a regra, a observação, o pedido. Era doce, plácida, quase sempre mergulhada em profunda melancolia. Gostava de sofrer, pois significava viver uma vida que não a sua. Quem sabe, a de uma heroína medieval, crivada de medos, de sentimentos obtusos, de falta de liberdade e cheia de inspiração e amor. Às vezes, tinha surtos de labirintite e gostava de sentir-se um pouco zonza. Mostrava ao mundo seu sofrimento e solidão. Já passava dos quarenta, tendo por companhia um gato siamês, castrado, gordo, calado, preso a uma corda. Subserviente, tal como ela. Se ao menos, tivesse um namorado, traria consigo a conspiração da vida, que se achegava pertinho, se arrastando, deixando- se avistar apenas pela janela. Mas só. Não tinha ninguém. Ah, também tinha suas costuras, das quais vivia e se sustentava. Mas por elas, não nutria nenhum sentimento. Detestava as mãos ágeis de como esticava